Um dia eu sabia sonhar,
sabia brincar com os sonhos,
e
escrevê-los e compartilhá-los;
eu acho que sabia.
Aí eu quis o vento, que soprou
vigoroso e mudou de lado uma
e muitas vezes,
e muitas vezes,
o vento que revirou o ontem, o hoje,
e talvez até o amanhã;
eu quis, mas ele me derrubou.
Então,
sei lá como ou porquê,
eu passei a perceber paredes interceptando ideias,
muros rompendo
caminhos,
buracos obstaculizando esperanças,
e sem mais, fiquei com menos.
Mesmo
assim, de um jeito ou de outro, eu sentia.
E ainda sinto. E morro aos pedaços
na sequencia das horas,
seguindo o rumo em passos trôpegos,
atingida por mentiras
atingida por mentiras
e trapaças
e engambelações que ferem. E me sufocam,
como mãos que se entrelaçam em torno
do pescoço,
levando tudo ao nada.