“Aposentadoria: uma nova fase - retorno à
família e aos amigos”
O
tema era este: Retorno à família e aos amigos. Achei interessante. Assim sendo,
o convite para a palestra foi aceito prontamente. Porém, fazia bastante tempo
que eu evitava falar em público, uma pequena resistência adquirida com o
desempenho do papel de professora universitária. Por isso, falar para os
funcionários do DAER tornou-se um desafio a me instigar. O êxito do evento
poderia representar a retomada de um fazer, ou o seu efetivo descarte.
Pensando em como trabalhar o assunto, optei por abordá-lo de maneira descontraída, explorando ao máximo os exemplos da vida real, para posteriormente disponibilizar um texto correspondente. E neste blog.
Então, a cumprir com intenções e o compromisso assumido ontem, segue abaixo o prometido.
Pensando em como trabalhar o assunto, optei por abordá-lo de maneira descontraída, explorando ao máximo os exemplos da vida real, para posteriormente disponibilizar um texto correspondente. E neste blog.
Então, a cumprir com intenções e o compromisso assumido ontem, segue abaixo o prometido.
Aposentadoria:
Aposentadoria é o estado de inatividade
laboral do indivíduo humano, após certo tempo de serviço, com direito ao
recebimento de salário pelos anos trabalhados. Representa o cumprimento de um
compromisso da vida adulta e, frequentemente, a conclusão de uma etapa do
percurso da vida.
Diante da remodelação da rotina advinda da
aposentadoria, surgem necessidades e novas perspectivas de futuro, assim como também
a conveniência do redirecionamento das ações para a resignificação da
existência. É tempo de refazer escolhas e de investir em sonhos. É tempo de se
reinventar, mais uma vez.
Retorno:
Com a aposentadoria a exigência do trabalho
se desfaz, embora o desejo pela ação produtiva ainda possa e deva sobreviver,
porém sob outro prisma. Com ou sem a labuta, é comum a pessoa do aposentado disponibilizar-se
na dimensão do tempo para o lar e o convívio familiar. E a esse merecido
direito de retomada às suas bases, o aposentado deve cuidar para não se
conflitar em disputas por domínios com os que ficaram ou voltaram antes, nem se
perder em vazios ou se apagar em meio às sombras.
Retomar é difícil e urge por negociações. É
preciso conquistar e reconquistar direitos minimizando impactos decorrentes da
nova ordem; é preciso fortalecer a confiança entre os membros do núcleo
familiar, assim como estreitar os vínculos afetivos; é preciso redefinir os deveres
entre as individualidades, renegociar os limites da autoridade mediante sua
redistribuição, rever os espaços coletivos e individuais, etc. A aposentadoria é
um processo que evolve o grupo familiar e social, e nele se reflete.
Enfim, é tempo de mudanças e de renovação.
Presente:
Dentro de outra perspectiva, mas com uma
fala integralmente adequada ao nosso tema, o psicanalista Bruno Bettelhaim disse
que “agora que estamos livres para desfrutar a vida, sentimo-nos profundamente
frustrados porque a liberdade e o conforto, tão avidamente procurados, não dão
sentido nem objetivo a nossas vidas”.
A vida humana pede um sentido para a sua
existência. E este sentido se define, e se redefine, a partir dos nossos
desejos e ações. Quando faltam os desejos ao indivíduo, as ações perdem sua força
e direção, e desta forma o futuro escoa rapidamente pelos espaços desprovidos
de sentido. O homem sem futuro não existe no amanhã, ele morre no hoje, quer
seja na concretude do ser, quer seja na subjetividade da sua existência, e neste
segundo caso, tanto individual como socialmente.
Isso quer dizer que a aposentadoria, mesmo que em nosso vocábulo e cultura ainda nos remetam aos aposentos como destino, de forma
alguma deve ser entendida como um período de reclusão, nem sob o pretexto do
tão almejado descanso. A aposentadoria deve ser vivida como a merecida jubilação
(termo do vocabulário espanhol), como o grande momento de alegria e contentamento decorrente
do pleno cumprimento dos compromissos profissionais. Período de alegrias que
deve se expandir ao desbravamento de novos horizontes, visto que o jubilado continua
sendo um ser capaz, ativo e desejante, e com vivências que lhe conferem valor e
credibilidade. Além do mais, com uma longa, muito longa expectativa de vida.
Devo frisar que longe estamos de a
aposentadoria ser sinônimo de velhice, e esta, por sua vez, sinônimo de
decadência. A aposentadoria, hoje, se abre a descobertas, e nos oferece liberdade para investimentos, empreendimentos, e realizações diante de uma
vida com parâmetros cada vez mais transgressores em relação ao tempo e às competências humanas.
Próximos
itens a serem postados:
- passado e presente se rearticulando com
vistas ao futuro;
- na dança das cadeiras o lugar social pode
ser reconfigurado e o reconhecimento simbólico do adulto maduro mantido;
- revitalização da vida com a elaboração das
perdas e superação de etapas;
- ócio ativo e criativo.