quarta-feira, 30 de maio de 2012

ENCONTRO





As mãos viajam sôfregas

Ao universo do teu corpo

Saem agitadas do indefinido

Ao toque de pele e pelos

Refazendo teu belo desenho

Em movimentos de puro deleite




Meus dedos bailam sôfregos

Por entre as selvas do teu corpo

Vão seguindo roteiro indefinido

Discernindo a textura dos pelos

Criando arte ao que desenha

Para exceder nosso pleno deleite





As unhas arranham sôfregas

Deixando marcas em teu corpo

Trilhas e caminhos indefinidos

Explorando desertos sem pelos

Inventando formas ao teu desenho

Desejando teu gemido de deleite



 

Nossos olhos encontram-se sôfregos

Eu deslizo sobre teu quente corpo

Entre sons e murmúrios indefinidos

Enroscam-se braços e pernas e pelos

Nossa silhueta se faz em novo desenho

E nos amamos sem precedente deleite




sábado, 26 de maio de 2012

Solidão é diferente






Estou só. Vou me divertir!

Assim concluo uma das minhas experimentações poéticas. Mas, bem que eu poderia ter escrito “estou só, vou me pensar” ou “estou só, vou me sentir”. Assim como, igualmente, dizer que, por estar só, posso me acariciar com mais intimidade, e me curtir de forma mais abrangente, ou me procurar e descobrir nos recônditos do meu ser. Muitas vezes não gostaríamos de estar só e, por falta de escolha, acabamos nesta circunstância sentindo-nos tristes e doídos diante de nós mesmos. Porém, ficar só pode ser especial e oportuno se soubermos aproveitar a grandeza da ocasião.

Circulando brevemente pelos meandros da psicologia sabe-se que a capacidade de ficar só  desenvolvida por uma boa maternidade na infância, além de necessária e saudável, denota maturidade emocional com o indivíduo confiando no seu ambiente, no seu presente, e em si mesmo.

Estar só, cuidado e cuidando-se, sem prescindir da presença da pessoa do outro em nossa vida, como um observador zeloso que nos mantém em contato com o mundo das relações através da sua existência, é permitir-se a vivência profunda consigo mesmo, sem risco e sem motivo para temores. É ter a garantia da visibilidade que a solidão nega. Na solidão somos invisíveis ao outro, ele não existe como cuidado, como relação, como nada. Na solidão não somos para ninguém, nem para nós mesmos.

Ficar só, longe está da solidão maligna que alguns vivem, na qual o estar só é abandono irretratável, imposto por pessoa, grupo ou sociedade marginalizante, segundo critérios impiedosos àquele que é julgado destituído de valor. Solidão é estar só, entre seus iguais, e não ter alguém que olhe pelo solitário. E, sem ao menos contar com o autocuidado, está efetivamente condenado a mais completa solidão.

Exemplo disso é a degradação dos velhos abandonados por familiares e pela sociedade. Solidão impingida pela segregação social quando os velhos são depositados em um canto da casa, asilos ou clínicas duvidosos, ou jogados às ruas para pedir, rolar ou morrer. Seres que vivem o abandono e a solidão pela recusa do olhar do outro à sua mendicância, ao maltrato sofrido, à vida indigna pela qual terminam seus dias ao nosso lado, sem que nós ao menos os percebamos.

                                 clicada por Rosa Helena



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Estar só, completamente só, sem alguém para te cuidar enquanto estás só, é abandono. Mas estar só, completamente só, com alguém a certa distância a zelar por ti, é oportunidade de crescimento.



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Ao uso indiscriminado, não percebemos que as redes sociais virtuais nos inserem e nos abandonam. Estamos conectados enquanto estamos sós. Estamos acompanhados por amigos com quem temos pouca ou nenhuma história, e estamos sozinhos sem desfrutar da própria companhia. Precisamos ficar sós; precisamos das relações reais, emocionais e físicas efetivas; como também precisamos viajar pelos caminhos virtuais. Atender as nossas necessidades com equilíbrio é sinônimo de saúde.







domingo, 20 de maio de 2012

Perto e longe dos 60 - A fase das conquistas





Zero Hora / Porto Alegre, 20 de maio de 2012

Donna


Perto e longe dos 60: a continuação das conquistas



Há um ano nascia meu blog: “Envelhecente: enfim antes do fim – escrevo!”


Em plena vivência da meia idade dei início à concretização deste sonho: escrever e publicar. A vontade era antiga, mas foi neste momento que, despretensiosamente, consegui expor aos amigos o que adoro fazer. Comecei me experimentando. Joguei letras na tela com intenção de compartilhar ideias, emoções e algum saber. Saíram poesias, crônicas, texto de opinião, e outras coisas que não sei como classificar. E como psicóloga, gerontóloga, e pertencente ao grupo de pessoas em fase de envelhecimento, eu brinquei com o título: “Envelhecente”.


Na língua portuguesa essa palavra não existe oficialmente, talvez também não na língua espanhola, mas tanto aqui como lá já li a palavra "envelhecente"  se referir à etapa de vida  da pré-velhice. Um período de muitas transformações, tanto físicas, psicológicas como sociais; e de muitas crises. A envelhecência seria, então, o período de passagem da idade adulta à idade velha, com todas as turbulências que um período de grandes mudanças gera.


No meu blog falo da "envelhecência" e de mim. Nele me exponho como emoção e inspiração. Falo sob o olhar de quem está na meia idade e vislumbra a velhice. Assumo o meu momento e convido aos amigos, conhecidos e desconhecidos, a conhecê-lo. No início me surpreendeu a interpretação de muitos, que viram no título uma pitada de depreciação para comigo mesma, ou o aceitaram apenas considerando o aspecto do apelo profissional. É difícil entender a beleza que está embutida no envelhecimento.


Minha trajetória profissional foi sendo construída com escolhas e acasos. O envelhecimento foi uma escolha que fiz diante de uma oportunidade. E ao me dedicar a ela aprendi e descobri belos caminhos para a satisfação na minha própria vida pessoal.  Cumpro com as obrigações familiares, profissional e social, e abro largos espaços para os meus prazeres. Como me apresento no meu perfil, gosto de escrever e de praticar esportes, dedicando-me com entusiasmo a essas duas atividades. E quando disponho de mais tempo livre, aprecio realizar trabalhos manuais como tricô no inverno. Gosto muitíssimo de ficar em casa, e a hora vaga é sempre um convite para a escrita. Escrever para mim é sonhar, é brincar, é me realizar; e o faço com ilimitado prazer.


Tenho paixão por livraria, adoro fotografia e gosto da noite para ler e dormir. Entre os livros que abordam o tema do envelhecimento sugiro a leitura de alguns bastante interessantes e de fácil compreensão:


“Além da idade do lobo”,  de Léa Maria Aarão Reis;  “A idade dos sentimentos”,  de Salvatore Capodieci;  “A velhice”,  de Simone de Beauvoir;  “Mais velhos mais sábios”,  de Zalman Schachter-Shalomi e Ronald S. Miller; “Psicologia da Terceira Idade”,  de Maria Helena Novaes.


Na literatura gosto e sugiro o “Alienista” de Machado de Assis,  e  “O retrato de Dorian Gray” de Oscar Wilde.


E para quem não viu, recomendo dois filmes:  “Elsa e Fred” , um filme argentino que retrata a velhice com humor, perspectiva de romance e felicidade; e “Divã”, filme brasileiro que mostra a crise de meia idade de forma divertida e leve.


E, para concluir, quero enfatizar o que tenho dito em todos os momentos . Sempre é tempo para o aprendizado de algo que se queira ou ainda se sonhe. Sempre é possível se voltar a estudar um novo ofício ou se desenvolver em nova habilidade. É desafiador fazer um curso universitário no meio da vida; é gostoso fazer um curso de fotografia na iminência da aposentadoria; ou estudar uma língua estrangeira, imerso entre o povo e a cultura de um país, fazendo intercâmbio quando os compromissos profissionais já foram cumpridos pela jubilação. A vida é aprendizado o tempo todo, basta não nos acomodarmos diante dela. Eu já tenho planos para os meus 60 anos, para os 70 ,e algumas ideias para depois. E vocês?


Envelhecer é viver. Viver é conquistar. Fim, só diante do morrer.



quarta-feira, 16 de maio de 2012

Mães e filhos






Lembranças de fatos passados são reconstituições da nossa história. E é a partir do registro desta história que deixamos um legado às novas gerações a fim de que elas construam os alicerces do tempo futuro. Pensando assim, hoje compartilho fragmentos da minha história, um passeio entre as lembranças vividas nos papéis de filha e de mãe, enquanto sonho e espero ansiosamente viver o de avó.





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Verão e praia. Balneário com poucos veranistas. Lá pelo meio da tarde, nuvens carregadas e muito escuras anunciam um enorme temporal. O vento ainda quente sopra forte, preparando a chegada da chuvarada. Pingos grossos, fortes e frios caem torrencialmente dos céus.  E neste cenário está a gurizada toda motorizada em suas superbicicletas a voarem dos pingos e a se afundarem em todas as poças de água. Gritos e perseguições. Sorrisos e acrobacias. Uma penca de irmãos em plena alegria. Felicidade sem tamanho em peripécias permitidas pela mãe. Ao cair da tarde e exaustos de tanto brincar, a molecada abandona as bicicletas no gramado a frente da casa e são recebidos pela dedicada mãe, a postos, esperando sua tropa com toalhas quentinhas e uma caneca de caldo de galinha fumegando para cada um deles. Anjos arteiros satisfeitos e bem cuidados. Aventura sem risco, amor e muitos carinhos de mãe.





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Perto de casa, no lusco-fusco do final da tarde e com trânsito forte nas avenidas, vejo um adolescente arrojado sobre sua prancha de skate descendo ladeira a baixo. Ágil, vai se enfiando velozmente em mil e uma manobras entre os carros apressados.  Um perigo! Desde longe percebo as imprudências do guri. Quando me aproximo do moleque, ele faz uma bela demonstração de irresponsabilidade e se atravessa na frente do meu carro. Diminuo drasticamente a velocidade do carro, quase a pará-lo. Abro rapidamente o vidro para dar uns gritos para o rapazote, quando ele se vira, olha bem para mim e abre um lindíssimo sorriso: “Oi mãe! Tudo bom?” Eu estava com a reprimenda na garganta. Olhei ferozmente para o meu filho e disse: “Direto para casa. Temos que conversar. Eu quase te atropelei, meu filho.” Troquei de marcha, acelerei lentamente o carro e fui para casa com o coração na mão; e fiquei a espera do meu capetinha. Era a hora certa para uma conversa bem séria.





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Os filhos mais velhos fizeram ginástica olímpica quando tinham entre 6 e 10 anos, e ambos eram jeitosos para o esporte. O guri do meio era mais tímido, e fazia suas apresentações em alta rotação, mal começava e já terminava toda a série de exercícios, como se assim ele pudesse fugir de ser o centro das atenções. No entanto, o mais velho fazia os movimentos com perfeição, e realizava com graça a paradinha para dar prosseguimento à seguinte sequencia de acrobacias. Chegava em casa e ainda continuava treinando tudo que era possível fazer fora dos tatames. Depois de muitos treinos, e para a conclusão de etapas, havia sempre uma apresentação especial. Num final de ano, com quase todas as arquibancadas ocupadas por pais e familiares a prestigiarem seus artistas mirins, o meu empenhado ginasta, sendo um dos maiores, executaria uma série mais complexa que os demais. Entre os saltos ele deveria fazer o de duas voltas no ar, como ele explicava - um salto duplo. Os pequenos foram os primeiros. Lindos! Depois os maiores, com o aumento das dificuldades. Por último, veio o meu. Porém, ele achou que o público não o valorizaria por ser maior, por já terem visto as bonitas e bem feitas apresentações dos amigos, e, enfim, no topo de sua vaidade, achou que estava em desvantagem perto dos pequeninos. Iniciou a apresentação com segurança e precisão, e na última sequência de saltos duplos, ele concluiu com um belíssimo salto mortal triplo. O público o aplaudiu de pé. E ele ficou radiante. Orgulhoso com a façanha, o meu querido não esperava receber uma enorme bronca e a suspensão de algumas semanas de treino, impingidas pelo professor- treinador. Em casa, todo tristonho, teve de ser consolado e recebeu colinho. Fazer o quê? Mas valeu a lição.





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Aventura. Resolvemos fazer trilha no sítio em que eu brincava quando criança. Era uma bela tarde de outono, e estávamos em duas mães e cinco guris de 8 ou 9 anos.  Saímos todos alegres a desbravar novos horizontes. Naturalmente fui a líder da expedição, pois era quem conhecia aquelas bandas. Seguimos por caminhos feitos, andamos por trilhas no meio do mato, atravessamos pequenos banhados e caímos em um enorme banhado cheio de vegetação por cima. Próximo do entardecer eu estava totalmente perdida. Não tinha a menor ideia de qual direção tomar para retornar. Pela paisagem, que não reconhecia, tive a impressão que havíamos saído do sítio, embora não tivéssemos cruzado cerca alguma. As crianças cansadas perceberam que eu brincava para disfarçar, mas não me situava. Sorte foi estar com o celular, recurso que há poucos anos atrás eu não teria. Liguei para minha irmã na cidade. Ela sugeriu que tomássemos o rumo dos eucaliptos e, chegando à mata, que gritássemos. Ela providenciaria que os caseiros saíssem em nossa busca. As crianças estavam apreensivas, meu filho choroso, e eu preocupada. O dia escurecia rápido. Todos gritavam, eles lá e nós aqui, e ao nos escutarmos mutuamente percebíamos a proximidade de casa. Apesar de demonstrar animação com a aventura promovida por mim, não convenci a nenhum deles que fizemos um bom programa. Nunca mais alguém saiu comigo para essas peripécias, não sei por quê.





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Lembranças, história de vida, aventuras, futuro. Assim prosseguimos em nosso itinerário, cada qual com suas lembranças diferentes sobre os mesmos fatos, fazendo história a partir das pequenas e grandes aventuras. O futuro começa aqui e agora. E o meu está sendo escrito a partir da presença e dedicação da minha mãe e da especial participação dos meus filhos, quatro grandes amores da minha vida.







quinta-feira, 10 de maio de 2012

Felicidade tem limite?

 
Considerando a felicidade como ponto de partida, percebo que usualmente enalteço os bons e leves sentimentos, e, estando impregnada por eles, tenho sido bastante generosa na minha própria avaliação. Costumo dizer que tendo ser otimista e inclusive, frequentemente feliz. Creio ser pessoa de muito bom humor - naturalmente, quando não estou mal humorada! (Meus filhos concordarão com o adendo.) No entanto, conheço os dois lados da balança. Já experimentei e sofri amargamente sentimentos opostos a esses que brindo com o meu entusiasmo.

Por isso, não me furto de descer aos agentes de nossas dores de cabeça e procurar entendê-los. É sabido que no percurso da vida nos deparamos com uma sucessão de obstáculos a serem superados enquanto buscamos a nossa tão almejada felicidade. Os problemas se constroem de montão e sempre a tentarem desbancar a imaginada felicidade. Os percalços pelos quais passamos, muitas vezes são capazes de nos tirar o chão, o ar, nos fazer debulhar em lágrimas, adoecer o corpo, desregular as emoções, quando não, até nos fazer pensar em desistir de tudo. Nestes momentos nos sentimos e somos profundamente infelizes. Mas, a partir da reação de forças tiradas sabe-se de onde, os sofrimentos chegam a determinado patamar e param de crescer, de incomodar tanto, param de doer.  E a gente vê, lá no horizonte, a luz das novas perspectivas, da alegria se reconstruindo, da felicidade se reapresentando com nova cara a nos encantar. E, nessa gangorra de bons e maus momentos é que nós vamos vivendo a vida com felicidades e infelicidades alternadas. E vamos decidindo se poderemos ou se seremos mais felizes ou infelizes.

Sonhamos em alcançar a felicidade plena, a felicidade estável e cheia de si mesma. Existe algo melhor do que ser completamente feliz? Então, qual o sentido da infelicidade, por que temos que vivê-la? Não será válida a felicidade a qualquer custo, mesmo que nos submetendo ao uso de antidepressivos e estimulantes, aos olhos de muitos, contraindicados? A ciência não vem se desenvolvendo na busca de qualidade de vida, e felicidade não é qualidade de vida?

  Vamos devagar. A felicidade é desejo, pode ser meta, e será mais aprazível se for conquista. A felicidade não se deixa apropriar, ela exige movimento de busca e investimentos permanentes. A felicidade é líquida; é difícil retê-la em nossas mãos, ela escorre. Mas, a felicidade estacionada em nós seria como viver a exata monotonia. A felicidade eterna entediaria nossa existência e deixaria de ser felicidade.

É preciso entender que só temos a real noção da felicidade pelo vigor do seu oposto. A dedicação e o esforço na direção de momentos felizes garantem o deleite que, de outro modo, diante de uma ocasião de felicidade gratuita, a pessoa não consegue alcançar. Ao leigo pode parecer bobagem, mas a adversidade, a contrariedade, o sofrimento são indispensáveis como fatores de medida da felicidade. A falta de modulação das emoções como resultado do uso de medicação, sem a precisa indicação, por exemplo, pode provocar embotamento, anestesiar a capacidade de sentir, tanto ao que é ruim como ao que é bom.

Diante da pouca felicidade muitas pessoas descobrem-se mais inspiradas, mais criativas, mais reativas, até mais lutadoras. Desde pequena ouvia dos adultos que a queda ensina a criança a se levantar. À vista disso, e da mesma forma, quando sofremos é que aprendemos a reagir, e é quando somos infelizes que aprendemos a procurar a felicidade nas frestas da nossa vida. E a valorizá-la quando a temos correndo pelas mãos, pois como ela vem, intuímos, ela partirá. Assim como a infelicidade também o fará.

A felicidade precisa da infelicidade para ser feliz! O limite de uma é a existência da outra.

sexta-feira, 4 de maio de 2012

PARCIAIS


18 de março de 2007





Ruas sufocadas

Barulhos assalariados

Passos de caras cansadas

Suores de sangue

Cidade de gangues



Comunica ação na Interbeti

Invasão de última negação

Memória em rãs

Pererecas desmemoriadas

Serpentes esvaindo sementes



Livres e vazios

Que se poluam os rios



Que se  Fechem os olhos:

             Oremos

             Devotos,

             Amemos.

             Morreremos igual!





terça-feira, 1 de maio de 2012



Telefonar? Escrever?

Para quem?

Conversar? Refletir?

Falta alguém?

Meditar? Remexer?

Ir além?

Desperdiçar? Sofrer?

Por que, heim?

Estou só. Vou me divertir!



PASSOU


Dói a boca do estômago,

Coça a mão esquerda como por urticária,

Finda o sono antes de duas horas de descanso

De uma e tantas noites inteiras.

Até parece que estou nervosa! Mas por que estaria?

Apenas porque embarco na maior aventura da minha vida?

Embora simplória a outras vidas e olhares,

Simplesmente porque ainda voo ao encontro de um amor?

Do lado de lá do mundo sem lados, como se adolescente fosse?

Até parece que estou nervosa! E por que estaria?

A vida é caminhada, eu sei, e só estou diante de uma passada:

Dilatar a história, escrever mais um capítulo, romper novos limites,

Abrir uma porta. Ou será fechar?

Apenas a maior aventura, simplesmente um grande amor!

Afetos em expansão: vou conhecer filhos e agregados

 Talvez netos e amigos no alargamento dos horizontes familiares.

Sim, estou tensa e agitada,

Sim, estou muito feliz, só preciso dormir...







Eu consegui dormir!

Mas ao acordar

Tudo tinha passado

Já havia ido e voltado

A porta estava fechada

E nossa história acabada.






Boas inspirações, boas sugestões, teremos bom texto?



 “Não sabendo que era impossível ele foi lá e fez”, Jean Cocteau;

 “Não tenho tempo pra mais nada, ser feliz me consome muito”, Clarice Lispector;

 “Uma fealdade e uma velhice confessada são, a meu ver, menos velhas e menos feias do que outras disfarçadas e esticadas”, Michel de Montaigne;

 “Rápido e rasteiro - vai ter uma festa, que eu vou dançar até o sapato pedir pra parar. Aí eu paro, tiro o sapato, e danço o resto da vida”, Chacal;

“A vida sorri para quem sorri para ela”, Costumo dizer, acredito na força dessas palavras, mas... A quem pertence?



Gosto imensamente de textos, pensamentos, poesias e tudo o mais que contenha forte apelo otimista ou, no mínimo, que tenha uma boa mensagem positiva. Às vezes, quando escrevo, eu mesma fico impressionada com o aparente exagero de otimismo que derramo na minha escrita. Eventualmente, até limpo um pouco a euforia que escorre em uma tentativa de me colocar próxima ao chão. Mas eu sou assim, fácil e rapidamente estou voando por entre nuvens em flocos, branquinhas como só, sentindo o convite dos anjos ao esparramo naquela maciez. Serei eu tão feliz assim? Uma lunática, talvez? Estou a me iludir, ou a quem me vê, ou lê? Ou será que vivo em estado de mania?

Não sei bem como responder a mim mesma, é provável que me componha de tudo isso, e de mais um tanto que não identifique ou reconheça, mas seguramente sou alegre e risonha de família. A energia positiva vem de priscas eras, herança de gerações. Sangue forte que não aceita o ficar estatelado após ter sido derrubado. A reação já é exigência incorporada. Minha mãe hoje, aos 82 anos, ainda repete o que sua avó dizia naquela época: Kopf nach vorne und nach oben“ (cabeça para frente e para cima). E é  justo aí que eu vejo as nuvens! Que meu otimismo peregrino encontra o vigor para sair andando pela vida afora. Enfrentando os obstáculos e encontrando saídas dignas aos percalços; sonhando com um mundo atraente e uma vida estimulante.

Meu olhar pára sempre no doce, e eu adoço um pouco mais a doçura que me seduz. Porém, como o limite é necessário à saúde, estou cuidando dos excessos. (O índice de açucar no sangue está no limite máximo ao aceitável - ou controlo o doce na minha vida ou a diabetes me pega!) E como o limite é necessário à saúde, estou cuidando dos excessos. Apenas controlando os excessos!

 



Adorei!!! Que grupo lindo, que treino bom, que dia maravilhoso. E tem quem pense que eu sou otimista, mas é a vida que brilha intensa. Eu só aproveito. Obrigada vida! (Alguém me achou na foto?)















Emoção é nadar à noite com chuva; é completar a equipe no desafio das 24 horas de natação. Gratificação sem tamanho!