sexta-feira, 29 de abril de 2011

A arte cria novas perspectivas de vida

RosaHelena SchuchSantos

Traços, figuras, cores: uma entre tantas formas de se fazer arte.
Arte é criação, é transformação, e um dos muitos recursos que a psicoterapia dispõe no processo de integração da personalidade. A arte-terapia oportuniza a reorganização da pessoa mediante a comunicação consigo mesma, com a concretização de conteúdos inconscientes em produção passível de ser vislumbrada e trabalhada.
Esta modalidade terapêutica tem se expandido entre os recursos utilizados pelos profissionais da área da psicologia.
Mas, independentemente da arte como processo terapêutico, é quase senso comum que o ato de criar, por si só, constitui-se de um recurso extremamente rico por ser ação que ocupa, distrai, eleva o humor, e reconstrói a auto-imagem e a auto-estima diante de crises. A arte funciona, em outro nível da arte-terapia, mas também com algum efeito terapêutico.
A arte se expressa na dança, no teatro, na poesia, na escultura, no bordado, na culinária, na pintura, etc. Mas a arte na qual dedico olhar especial hoje, e por puro encantamento meu, é a da criação mediante cores e formas e a do simbolismo das palavras. A viagem que estas artes proporcionam ao mundo das fantasias e à individualidade, ao desenvolvimento e aperfeiçoamento de capacidades individuais, e ao aprimoramento do fazer estético (que na arte-terapia não é relevante) incidem no presente do artista amador estruturando e reparando feridas decorrentes dos acidentes de percurso. Com isso, se ganha tempo e força para os novos empreendimentos, assim como para os enfrentamentos necessários diante de desafios e dissabores que surgirão pelo caminho.
O ato de criar em arte, por analogia, também pode ser entendido como um ato de criar novas perspectivas. As cores sintonizam-se com as emoções, e as metáforas verbais são jeitos de exposição e, simultaneamente, de resguardo dos conflitos.  Ambas formas de falarmos aos que nos rodeiam e aos nossos fantasmas, estabelecendo um elo de comunicação entre mundos, interno e externo, sem riscos. Vale à pena experimentar. Abra essa porta do criar e fazer arte. Quem sabe estaremos incentivando o surgimento de novos artistas, além de minimizando neuroses e diminuindo dores e estresses emocionais?

Publicado: em CARTA CAPILÉ, São Leopoldo – ano III, maio de 2006

domingo, 24 de abril de 2011

E TEM QUEM EXPLIQUE

RosaHelena
(2007)


Afrouxando correntes
Libero um pouco,
Apenas que fique solto
Sem perder os dentes!

Defino meu caminho
No descaminho
Até atingir o incerto, ponto
Cego, do retalhado ego.
Ele escorado em seu super,
Fincado feito prego,
Meio eco, meio treco
Segura, por vezes amargurado
O restante do turbilhão
Que ainda há de vir. Ir. Id.

SEXUALIDADE

 RosaHelena SchuchSantos

A construção cultural, estrutural e plural
Da sexualidade na profundidade da radicalidade
Compondo e se expondo ao redondo
Das faces e interfaces... 

- Chega!! Assim não dá! Que sufoco!

Isso tudo é muito demais para mim!
Eu quero é brincar de casinha com o meu amor
Deitar e rolar de papai e mamãe no fofinho
Dar beijinho e abraço apertado de luz apagada
Cochichar para fazer cócegas no ouvido
E ver a pele da gente se arrepiar todinha.
Eu quero é brincar de namorar
E de fazer sexo...

Amplexo, complexo, totalmente conexo  e reflexo?

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Menopausa: é o fim?

RosaHelena

Assim como ela veio, um dia ela se vai. A menstruação chega e se estabelece ligeirinho para a maioria das mulheres. E se vai, tantas vezes, num processo lento, que pode se estender por muitos anos. O climatério é o anúncio de que transformações estão se processando na direção da menopausa: "el grand finale" de uma vida reprodutiva feminina. No entanto, esclarecendo, bem longe do fim de uma vida feminina!


A partir da menopausa, apesar dos ajustes necessários, sofrimentos gerados pela transição e de algumas perdas, podemos nos alegrar de concluirmos mais uma etapa de vida bem-sucedida. Além disso, temos um punhado de ganhos, pois não obstante temos muito tempo para desfrutarmos da nossa feminilidade, sensualidade e sexualidade.


Com a menopausa, nos livramos da famosa TPM, desconforto que 75% das mulheres passam às vésperas do período menstrual e situação bem conhecida, causadora de estresse ao universo relacional feminino. Mas...sim, existe um mas: adquirimos a SPM. O que é isso? São os sintomas da Pós-Menopausa, que, em algum sentido, se parecem com os sintomas das tensões pré-menstruais. Porém, eles são mais estáveis (não geram a sensação de "montanha russa" no humor feminino) e não aparecem em ciclos. Mas, precisam de atenção, talvez até maior, pois os sofrimentos crônicos advindos de sintomas menos visíveis e assoladores podem provocar danos.


Nosso desvelo com a menopausa deve se focar na saúde, sendo recomendável a proximidade com o ginecologista ou o geriatra e oportuno o próprio olhar clínico sobre nós, além de ser imprescindível desenvolver atitudes positivas e saudáveis para o enfrentamento vitorioso de mais um desafio: o envelhecimento como conquista!


Por fim, a menstruação parou! A menopausa chegou. Estamos acompanhadas pelo médico e a nos enxergar com realismo. A noção do envelhecimento se descortina com clareza e, igual e diferente, estamos diante de um novo começo. E agora, quais serão as escolhas? Estamos envelhecendo. Às desavisadas e desanimadas sempre haverá a opção de arrefecer. Porém, para as positivas e amantes da vida, às mais atentas e informadas, sempre haverá a opção, bem mais divertida, de esquentar a velha e conhecida máquina. Turbinar a capacidade de sonhar, expandir os desejos e evoluir em realizações. Parece eufórico demais? Mas são com esses olhos, otimistas, que me vejo envelhecendo e ainda ambicionando descobrir as aventuras que a vida me reserva.


Quais são as atitudes positivas, tão poderosas, capazes de criar uma adolescência em pleno horizonte da velhice? Que atitudes têm poder de felicidade diante de algo tão ameaçador como o fim, a morte de uma vida gasta? Não há nada de mirabolante e de extraordinário: o que se instiga é a ação! Ação intelectual, ação física, ação afetiva, ação solidária, enfim, ação. Mesmo que sutil como a contemplação e a meditação, exemplos de ação passiva. A inércia é que pode ser um desperdício de vida, pois nela se inserem a estagnação e o nada.


Temos que dar um bom condicionamento à vida, e não há nada melhor para isso do que se mexer com ela. Se não posso mais fazer filhos não perdi minha feminilidade, nem a capacidade para os meus fazeres com o fim da menstruação. E posso ser tão mulher como fui até então. Se não posso mais procriar, ainda assim tenho muito para amar. Filhos, netos e quantos outros, interagindo e me gratificando com eles. Contudo, posso amar um par e fazer sexo com ele, pela pura satisfação de compartilhar intimidades e desfrutar de prazeres. E se não posso mais fazer filhos e nem tenho mais um par, mesmo assim posso curtir e estimular o meu corpo. Proporcionar-me a satisfação de me sentir plena como mulher, inclusive sozinha.


E, falando sobre estímulos sexuais, afirmo e reafirmo que enquanto estivermos expostas a eles, e com certa regularidade, estamos exercitando o aumento do fluxo sanguíneo à região pélvica, mantendo a vagina úmida e elástica, e estendendo o prazer erótico e sexual até onde a vida nos permitir chegar. O que não se usa se perde!


Amar, brincar, também com o nosso corpo. Gozar a vida dançando, caminhando ou nadando; desenvolver alguma habilidade que em outros tempos não nos foi possível. Sempre é tempo de começar e oxigenar o corpo, as ideias, e as nossas infinitas possibilidades. As opções estão a perder de vista e as escolhas são individuais.


A menopausa sinaliza mais uma etapa da vida da mulher que se cumpriu, e marca com certa visibilidade o envelhecimento. No entanto, o envelhecer não pede interrupção ou esvaziamento da nossa existência. Com ele adquirimos experiência e sabedoria para aprender, crescer e tirar proveito das nossas transformações. A menstruação se foi, mas a vida continua, e de preferência com bastante ação. Agir para mim, e neste caso, é ter atitude positiva e saudável!

segunda-feira, 18 de abril de 2011

MENSAGEM

RosaHelena


Mãos paradas sobre o teclado
Veias saltadas e latejantes a enfeitá-las
Do olhar fixo e perdido às pontas dos dedos
Nasceram idéias vagas, sem construção
Esvoaçando pensamentos ao nada circundante:
Mensagem estagnada por falta dela.

Escreveria uma mensagem de amor
E o destinatário seria, mas...
As palavras não dedilhadas tornaram-se translúcidas
A voz, ausente, sumiu de todo inexpressiva
O tempo frio das horas gelou as mãos e as ideias
Congelou as veias e apagou o olhar
O nada petrificou o amor
E a mensagem? Nem destinatário!

Mas as pontas dos dedos continuaram lá
Com unhas pintadas de vermelho vibrante
Insinuantes na sua imobilidade
Pousadas suave e eroticamente no teclado
Implorando ação, reação, excitação
Desejosas por encontrarem dedos desejantes
Interlocutor, neste ou num próximo...email?

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Aventura de quem tem filhos

Enfim! Tudo de novo: casa, filhos, trabalho, contas, natação e o resto mais.
Foram apenas quatro dias em que estive em Capão, e foram apenas quatro dias maravilhosos!
O sol esteve brilhando e sorrindo para mim o tempo todo, acariciando minha pele com pequenas e suaves baforadas mornas, e transformando minha cor a um tom mais dourado. O mar com uma carinha de suco de cana, cheia de espuma branquinha a fazer-se e desfazer-se no movimento das ondas, conseguiu me seduzir a sua acolhida refrescantemente prazerosa (e não gelada), e eu me atirei àquele abraço perdida do tempo. Os cardumes de peixes e as estrelas do mar, com uma presença marcante e visível, indiferentes ao mundo em redor, compuseram com a paisagem de tal maneira atraente que se tornaram irresistíveis aos meus olhos, que só tinham olhos para eles. A agradável constatação de que a presença humana diminuiu em relação aos finais de semana anteriores também fizeram dos dias uma semelhança ao paraíso. E, somado a tudo isso, a alegria de estar com o meu querido anjo, daquele tamanhão de homem e jeitinho de menino, ainda criança (essa fase da adolescência é linda), brincando comigo entre mergulhos e saltos e no deslizar das ondas - me convidando à liberdade - me fez sentir uma felicidade de corpo inteiro e de transcendência d'alma que eu não tinha mais vontade de voltar.
Mas voltei. A realidade me chama, me promete, e me oferece. Porém me exige e cobra.
Encontrei meus outros dois amados filhos adultos esperando por mim, com lindos e queridos sorrisos nos lábios. E a casa uma bagunça: uma escultura em pedra sabão (super bonita) quebrada na entrada da casa, louça suja pela cozinha inteira e panela com comida na mesa desde sei lá quando, roupas usadas espalhadas pelo chão dos quartos e banheiro, polígrafos e papéis distribuídos pelo sofá e chão da sala, e por aí adiante. Quase virei às costas e fui embora. Pensei rapidamente, por que mesmo que eu estou aqui? Respirei fundo e refleti: apesar dessa baderna eles me amam, eu sei disso, eles me amam. Fiquei quase roxa de braba, ensaiei um chilique - comecei o sermão!  Eles tentaram as considerações, mas desistiram, estavam sem a razão. E eu, com pouca paciência às negociações, depois de comer alguma coisa, me recolhi e fiquei a ler no quarto até a hora de dormir.
Hoje o dia começou cedo para mim. Ao levantar encontrei a casa mais composta, não como deveria, mas. Quando voltei do trabalho encontrei três filhos cooperativos, atuantes e solícitos, uma maravilha!! Almoço? Os meus queridos fazendo acontecer (mesmo o filho que chegou do trabalho ao meio dia), apresentando inúmeras iniciativas para o bem comum da família.  
Tudo certo, tudo andando, tudo como deve ser, porém tenho que admitir, às vezes,  isso me cansa! Mas, apesar dos pesares, adoro o desafio que os queridos filhos me impõe. Quem os tem sabe, filho é aventura para a vida inteira.

domingo, 10 de abril de 2011

CONVICÇÃO

Rosa Helena Schuch Santos

O fim é a única certeza!
Todo o resto são possibilidades.
No entanto me regozijo
Da certeza que tenho
Que amar é meu destino
Caminho escolhido com critério
Para a vida inteira até o cemitério
Amor livre ou clandestino
Ora disfarçado em meu cenho
Traz a felicidade que eu exijo
A todas as minhas idades.
Amor em mim é correnteza!

Meu coração inundado de amor
Chorou hoje a tristeza diante do fim.

sexta-feira, 8 de abril de 2011

O que o sexo tem a ver com isso?

Rosa Helena Schuch Santos 

Mutantes.Talvez não seja bem este o termo, mas a ideia parece que cabe: somos mutantes! A cada instante não somos mais os mesmos. O corpo se transforma, o pensamento corre em novas direções, as emoções se alternam e as relações se modificam nos reconstruindo o tempo todo. Ser mutante não implica perder o que temos, embora muitas vezes seja isso o que ocorre. As mudanças acontecem através de ganhos acumulados, perdas sucessivas e muitas negociações entre ambos.
No ciclo da vida percebemos as grandes transformações. De pequenas crianças nos tornamos jovens sedentos por um lugar no mundo e, posteriormente, adultos realizadores de sonhos possíveis. O acúmulo dos anos à vida adulta leva a uma adultez idosa. Isso... quer dizer...”velho”? Não! Ah, essa não! Envelhecer nós não queremos, mesmo que já o estejamos fazendo desde que paramos de crescer. Velhos, definitivamente, não queremos ser!
Impregnado por preconceitos, desvalorizado enquanto conquista e estigmatizado pela cultura como momento de decadência e proximidade do fim, o envelhecimento passa a ser temido e evitado fobicamente. Diante destas mudanças negamos a possibilidade de dar continuidade ao nosso processo de desenvolvimento, e desejamos cristalizar a vida. Esvaziamos, assim, nosso potencial mutante.
Mas, por que é tão difícil aceitar esta etapa de vida? Por que temos que acreditar que tudo se perde quando nos tornamos mais velhos? Por que não conseguimos entender que continuamos nos desenvolvendo? Que a vida ainda corre, e temos tanto a aprender e desfrutar? Por que insistimos em pensar que a única mudança que pode ocorrer é o enferrujamento das conquistas e a aposentadoria da própria existência?
Não somos mais os mesmos? Nunca o fomos desde o nascimento até hoje. Nós mudamos. O mundo mudou. O casamento mudou. As perspectivas mudaram. Os prazeres mudaram. O sexo mudou.
Com o envelhecimento dispomos de um jeito diferente de viver a sexualidade, com um prazer, uma conquista e um sexo diferentes. Em alguns aspectos muito melhor, embora sob outros, talvez nem tanto. Sexualmente não precisamos ser tão produtivos, tão reprodutivos, tão auto-afirmativos como éramos quando jovens. Podemos desfrutar de um sexo mais tranquilo, mais sentido, mais interativo, mais corporal, mais expansivo, mais denso, mais amado, mais cúmplice, mais harmonioso... mais tantas coisas. Quanto ao que a sexualidade tem “a menos” com o envelhecimento, isso a gente nem precisa procurar, pois os estereótipos tratam de evidenciar em qualquer circunstância.
            Enquanto estivermos em ação e nossa sexualidade também - mutantes a cada instante - é sinal de que continuamos vivos e aprendendo a desfrutar do que obtemos com nossas mudanças. Somos mutantes, e o sexo tem tudo a ver com isso!

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Assédio Moral no trabalho

Rosa Helena Schuch Santos
2005
           
            Trabalhar dignifica a pessoa. Promove e mantém a saúde, fortalece a auto-estima, traz bem estar econômico, físico, mental, e social. A ação de trabalhar leva à conquista de qualidade de vida e a promoção da longevidade feliz e produtiva. Porém, por certo, já tomamos conhecimento de trabalhos insalubres; excesso de demanda; metas altíssimas; baixos salários; e desrespeito à pessoa decorrente de comportamentos discriminadores e humilhantes, principalmente, advindos de uma chefia desumana.
Pois, é sobre o sofrimento do indivíduo, no ambiente de trabalho, por ações injustas e cruéis de uma chefia que abusa do poder que lhe é conferida, que vou me deter. Desde que o trabalho existe com as características de produtividade, competitividade e escala de hierarquização, o trabalhador está exposto ao sofrimento por maus-tratos de chefias perversas. O poder é usado como arma contra a civilidade, com a violação dos princípios da moralidade.          
Identificado e diagnosticado pela Organização Internacional do Trabalho (OIT), estudos e providências em relação a este tipo de violência, o “assédio moral”, são recentes no mundo inteiro. No Brasil este tema ainda é tratado como novidade, com legislações específicas em apenas 10 municípios e em único estado, o Rio de Janeiro. No Rio Grande do Sul, Porto Alegre é a primeira cidade a tomar medidas contra o crime de “assédio moral”, com a alteração do Estatuto dos Funcionários Públicos do Município, em dezembro de 2004.
            Vou explicar essa relação que desemboca na violação da moral, “assédio moral”, e que leva o empregado a desenvolver doenças e limitações. Porém, vale ressaltar que grande número de chefes não se enquadra neste comportamento nocivo com seus subordinados.
            Resumindo, “assédio moral” é tudo aquilo que foge às regras sociais ou às práticas definidas em contrato de trabalho. Pressupõe comportamento, explícito ou implícito, de abuso do poder. Geralmente apresenta-se como perseguição ao subordinado, com o objetivo de sujeição do mesmo e, muitas vezes, sua demissão.
As práticas mais comuns consistem em isolar o assediado de seus colegas e superiores; subestimar o trabalho ou o trabalhador; sobrecarregá-lo de tarefas ou mantê-lo ocioso; desvalorizar esforços empreendidos; atribuir tarefas superiores ou inferiores à capacidade e formação do funcionário; expô-lo a situações vexatórias; divulgar rumores e comentários maliciosos ou críticos reiterados; ameaçar com punições; constranger e coagir publicamente.
            E o resultado disso não poderia ser outro. É a configuração de um ambiente de trabalho opressor, injusto e degradante. É um trabalhador violentado e frágil evidenciando sentimentos de humilhação, esfacelamento da auto-estima, e seqüelas em sua identidade e dignidade. Entre os transtornos mais comuns provocados pelo “assédio moral”, estão o estresse; a depressão manifesta por crises de choro; a insônia ou sonolência; a alteração no apetite; dores generalizadas; palpitações ou tremores; sentimento de inutilidade; o desejo por vingança; e idéias de suicídio.
            Lamentavelmente o assediado custa a dar-se conta do que está ocorrendo, imputando a si a responsabilidade pelas mazelas vividas. E isso gera culpa.  Porém, quando se percebe maltratado pelos mandos e desmandos do superior agressor, já é tarde. Já está instalado o quadro de dor. E por temer a perda do emprego, submete-se até o seu limite, que, não raro, é a morte.
            A violação da moral no trabalho está na mão de pessoas autoritárias, inseguras, narcisistas e infelizes que, com perversidade, consagram a injustiça. Entre os mais humilhados estão as mulheres, indivíduos com mais de 40 anos, e os que recebem altos salários.
O “assédio moral” é um problema sério e precisa ser esclarecido e enfrentado.  Deve ser denunciado! Tornam-se cúmplices do crime as testemunhas do sofrimento que, simplesmente, desenvolvem tolerância à violência ou fecham-se no silêncio aprisionador do medo.
O algoz é um reincidente, está sempre à procura de uma vítima! Portanto, cuidado. A destruição de um assediado promoverá outro colega a ocupar a triste vaga.


sábado, 2 de abril de 2011

MENOS E TÃO POUCO

Rosa Helena
(22.04.2010)

Espero abundância do porvir
Espero muito e sempre da vida
Espero tudo de mim!
Nada espero de ti.
Nem dele ou dela ou doutro
Menos e tão pouco
De quem quer que seja.


Porém, se com algo me presenteares
Ser-te-ei profundamente grata;
Se me preencheres de alegria a alma
Entregar-te-ei meu coração acrobata;
E a quem me seduzir com amor
Serei calor, ágata, matriz
Mostrarei minha cicatriz e tudo de valor.
Mas de ninguém espero nada.
Casquinada.

sexta-feira, 1 de abril de 2011

Tem nexo este sexo?



 A sexualidade é algo a ser desfrutado. E assim o fazemos ao longo da vida de acordo com a fase de desenvolvimento em que nos encontramos. Na infância, investimos em descobrir as partes do corpo que dão prazer. Na adolescência, experimentamos nossa sexualidade com ênfase nos genitais e nas sensações geradas através do envolvimento emocional e das estimulações com o outro. No período da adultez, tendemos à escolha de um par para com ele desfrutar de uma sexualidade mais íntima e com objetivo de procriação. Na adultez maior descobrimos o prazer de uma sexualidade mais integrada à corporalidade, já sem a primazia da genitalidade vivida na fase anterior e, no entanto, sem perdê-la de vista.
Sexualidade é prazer em qualquer idade, se de acordo com as possibilidades de amadurecimento biológico e emocional. O prazer sexual é um prazer largo e expansivo. Sexualidade é mais do que genital. É corpo, é movimento, é sensação, é envolvimento, é fantasia, é intimidade, é descoberta. É vínculo com a vida!
Na sexualidade há busca pelo sexo. Porém, a sexualidade é muito mais do que o encontro de genitais sem identidades, ansiosos na busca de orgasmo. É mais do que corpos em performances malabaristas para encobrir inseguranças e impotências emocionais. É mais do que uma sensualidade histérica de corpos exibicionistas, impregnados de vazios existenciais e empobrecidos de encantos e de sensações. Sexualidade é mais do que pênis, vaginas e peitos. Sexualidade é sexo, e muito, muito  mais. O sexo inserido na sexualidade brinda à vida, exalta o êxtase, o prazer maior, aquele que a gente quer compartilhar com alguém que valha a pena, alguém inteiro, alguém com nome e identidade. O sexo, casado com a sensualidade e a sexualidade, faz história e enriquece nossas experiências de vida.
Entretanto, na atualidade, o sexo tem sufocado a sexualidade. Tem colocado os órgãos sexuais à frente das pessoas: pequenos e frágeis homens esforçando-se para erguer seus imensos pênis idealizados, e minúsculas mulheres expondo seus enormes buracos vaginais, vazios de si mesmas. O que temos visto é uma busca frenética por prazer e o encontro dramático com o aniquilamento de nossos desejos e sonhos.
O sexo é uma fonte de prazer, mas olha lá, o sexo também tem sido experimentado como fonte de muita tristeza e sofrimento. O sexo exigido, o sexo quantificado, o sexo de um minuto, o sexo de manual, o sexo que se consome, o sexo comprado, o sexo traído, o sexo que desrespeita e desvaloriza o outro não é mais prazer, é manifestação de força e de poder. E aí eu me pergunto, tem nexo este sexo que desvaloriza o prazer e fortalece as relações de poder?