RosaHelena SchuchSantos
Traços, figuras, cores: uma entre tantas formas de se fazer arte.
Arte é criação, é transformação, e um dos muitos recursos que a psicoterapia dispõe no processo de integração da personalidade. A arte-terapia oportuniza a reorganização da pessoa mediante a comunicação consigo mesma, com a concretização de conteúdos inconscientes em produção passível de ser vislumbrada e trabalhada.
Esta modalidade terapêutica tem se expandido entre os recursos utilizados pelos profissionais da área da psicologia.
Mas, independentemente da arte como processo terapêutico, é quase senso comum que o ato de criar, por si só, constitui-se de um recurso extremamente rico por ser ação que ocupa, distrai, eleva o humor, e reconstrói a auto-imagem e a auto-estima diante de crises. A arte funciona, em outro nível da arte-terapia, mas também com algum efeito terapêutico.
A arte se expressa na dança, no teatro, na poesia, na escultura, no bordado, na culinária, na pintura, etc. Mas a arte na qual dedico olhar especial hoje, e por puro encantamento meu, é a da criação mediante cores e formas e a do simbolismo das palavras. A viagem que estas artes proporcionam ao mundo das fantasias e à individualidade, ao desenvolvimento e aperfeiçoamento de capacidades individuais, e ao aprimoramento do fazer estético (que na arte-terapia não é relevante) incidem no presente do artista amador estruturando e reparando feridas decorrentes dos acidentes de percurso. Com isso, se ganha tempo e força para os novos empreendimentos, assim como para os enfrentamentos necessários diante de desafios e dissabores que surgirão pelo caminho.
O ato de criar em arte, por analogia, também pode ser entendido como um ato de criar novas perspectivas. As cores sintonizam-se com as emoções, e as metáforas verbais são jeitos de exposição e, simultaneamente, de resguardo dos conflitos. Ambas formas de falarmos aos que nos rodeiam e aos nossos fantasmas, estabelecendo um elo de comunicação entre mundos, interno e externo, sem riscos. Vale à pena experimentar. Abra essa porta do criar e fazer arte. Quem sabe estaremos incentivando o surgimento de novos artistas, além de minimizando neuroses e diminuindo dores e estresses emocionais?
Publicado: em CARTA CAPILÉ, São Leopoldo – ano III, maio de 2006