Li solto entre outros escritos e não dei importância. Não conferi a sequencia nem a intenção das palavras. Porém, elas impactaram, e só depois é que eu percebi. Estava escrito: “não quero evoluir”.
Independente daquele contexto, meu pensamento vem, vai, e volta outra vez. Essa ideia não quer me deixar, pois "eu quero, e muito, evoluir”.
Essa é a pura verdade. Quero evoluir! Posso entender quem não o queira, mas apenas por razões poéticas ou retóricas.
Efetivamente desejo ir além, me desenvolver até as mais ousadas direções, no entanto, não no sentido que alguns apregoam - evoluções mirabolantes que insinuam e prometem mundos e fundos como recompensa, nesta ou em outras dimensões.
Quero evoluir porque a vida é transformação; é um constante vir a ser - repleto de esperanças e de riscos, inclusive.
Viver é experimentar situações provocadoras e inesperadas; é encontrar refúgio ou saída em meio ao caos; é estar em poesia independente das palavras usadas; é sofrer e chorar e sobreviver ante as dores dilacerantes. Também, é encantar-se com o entorno desfrutando das sutilezas da felicidade; é raspar o tacho do amor e amar, simplesmente por amar, sem mais nem um porquê.
Evoluir é absorver todas as conquistas, mesmo quando elas se apresentam transfiguradas, como o encarquilhar da pele pelos anos vencidos. É superar-se ante as conquistas de aspecto duvidoso, como a tristeza que obscurece o olhar diante da perda de um grande afeto.
Viver e evoluir se fundem quando conseguimos administrar a abrangência e a dinâmica dos acontecimentos que nos envolvem. Quando abraçamos as mudanças do corpo, das pessoas e do mundo. Quando nos expandimos através das experimentações sociais e das emoções. Ao somarmos créditos às conexões da inteligência, e ao fazermos descobertas para a valorização do espírito.
Evoluir é querer estar vivo e manter-se atento à vida, enquanto a vida se faz viva em nós.
Estou alerta! Construirei e protegerei meus momentos de vida, na imensidão derretida dos tempos contados e sentidos, e farei arte com o tempo vivido (travessuras, expressões artísticas, e todas as artes que eu puder). Comporei minha vida como a um vitral, unindo fragmentos de coloridos vidros em significativos desenhos.
Fortalecerei a contínua passagem do meu “eu” a novos possíveis e diferentes “eus”, na incessante busca de mim mesma. E, tanto quanto possível, estarei disponível para interagir com outros “eus”, no espaço e percurso do meu viver.
E mais, anseio olhar para trás e ver a construção do meu “eu” rechonchudo de histórias e transformações, coerentes ou ensandecidas, mas todas, orgulhosamente incrustadas nas páginas da minha vida. Evoluindo.